José Wilker sai de cena
*20 08 1946 + 05 04 2013
*20 08 1946 + 05 04 2013
Como esquecer a voz
pontual, suave e a postura elegante, que mesmo em uma sena de raiva, sua
expressão era de pura tranquilidade, como esquecer aquele olhar quase que de
descaso, mas tão firme que assustavam em suas sena mais fortes como: “Hoje vou lhe usar.” É impossível simplesmente
dizer “adeus”, a um dos maiores nomes da
televisão brasileira. José Wilker, não deixou recados ou deu sequer um sinal
que a noite de 03 de abril seria sua última noite em vida, aqui em nossa
companhia? Como na vida, ele se foi... assim, tranquilo, sem alarmes. Deixando
um legado de bons momentos e lembranças inesquecíveis. José Wilker morreu no
apartamento da namorada, a jornalista Claudia Montenegro, em Ipanema. Wilker,
que em alguns depoimentos dizia que jamais teve nada e que de uma hora para
outra ele tinha alcançado tudo aquilo que um homem precisa para viver,
(emprego, moradia e documentos) e que sua vida tinha mudado, é reconhecido por trabalhos marcantes em
novelas como "Roque Santeiro", em que contracenou com Lima Duarte e
Regina Duarte, interpretando o personagem-título, e "Senhora do
destino", em que interpretou o bicheiro Giovanni Improtta, foi sucesso no
papel do ex-presidente Juscelino Kubitschek na minissérie JK. Em 2012 explodiu com o personagem Jesuíno Mendonça na
telenovela Gabriela. O personagem foi
marcado pelo bordão "Vou lhe usar", que se tornou febre nas redes
sociais. Narrou a chamada da novela Amor
à Vida, e no meio da trama entrou no elenco como Dr. Herbert, sua última
novela.
Entre seus papéis
mais marcantes no cinema estão Tiradentes, no filme Os Inconfidentes, de 1972;
Vadinho, Flor e Seus Dois Maridos, recorde de bilheteria nos cinemas em 1976; o
político Tenório Cavalcanti de O Homem da Capa Preta, de 1986 e Antônio Conselheiro, de Guerra de Canudos,
de 1997 e "Bye bye Brasil".
José Wilker tinha 67 anos, nasceu em 20 de
agosto de 1946, a causa da morte divulgada foi infarto fulminante. Filho de
Severino Almeida, caixeiro viajante, e de Raimunda Almeida, dona de casa, José
Wilker nasceu em Juazeiro do Norte e mudou com a família, ainda criança, para o
Recife e depois para o Rio de Janeiro onde ele pretendia estudar.
A Carreira
O primeiro trabalho
de Wilker foi com apenas 13 anos, como figurante no teleteatro da TV Rádio
Clube, do Recife. A aparição inicial foi como cobrador de jornal na peça
"Um bonde chamado desejo", de Tennessee Williams. Sua carreira no
teatro começou no Movimento de Cultura Popular (MCP) do Partido Comunista, onde
dirigiu espetáculos pelo sertão e realizou documentários sobre cultura popular.
Seu primeiro filme
foi em 1965, A Falecida com uma participação não creditada, em 1985, no elenco
de O Homem da Capa Preta. Estreou nas telenovelas em 1971, em Bandeira 2, de
Dias Gomes, na TV Globo. Teve três
filhas, Mariana, com a atriz
Renée de Vielmond, Isabel, com a atriz Mônica Torres , e de seu último relacionamento com Claudia
Montenegro teve a filha Madá. Ele foi
casado ainda com a atriz Guilhermina
Guinle.
O Festival de Cinema
de Gramado e José Wilker
Ralfe Cardoso da Um
Produção, e os curadores José Wilker, Marcos Santuário e Rubens Ewald. |
O ator, que sempre olhou para o cinema com um olhar carinhoso, estava na curadoria
do Festival de Cinema de Gramado desde 2012, quando aconteceu a 40º Edição do
evento, ao lado de Rubens Ewald Filho e
Marcos Santuário, compromisso assumido
em um momento de mudanças e de
transformação do Festival. Na época em
entrevista divulgada na imprensa nacional ele frisou que este era um desafio, que
era o momento de reencontrar e recomeçar
a conversa sobre o cinema com o público de Gramado. Uma das suas falas que marcaram o
momento das mudanças, em que a prefeitura de Gramado tinha o evento
sob a coordenação da secretária de
Turismo do município, a jornalista Rosa Helena Volk, foi a de justamente a de José Wilker: “O Festival de Gramado foi o melhor farol
para o cinema brasileiro. Foi também a resistência. Nos anos em que o cinema
precisou resistir, ele resistiu. Não se rendeu ao governo de Fernando Collor e
se abriu ao cinema latino-americano. E é, além disso, um apoio fundamental para
a produção cinematográfica no Rio Grande do Sul” Mudanças e atitudes foram tomadas para que
o Festival pudesse retomar sua história e o prestigio de outrora, com a
nova curadoria, sob responsabilidade dos
três, Wilker, Ewald e Santuário, o festival seguia sua história, sob novos e
atentos olhares.
Paixão
Apaixonado pelo
cinema, o ator participou de filmes como "Xica da Silva" (1976) e
"Bye bye Brasil" (1979), ambos de Cacá Diegues, "Dona Flor e
seus dois maridos" (1976) e "O homem da capa preta" (1985), que
lhe rendeu o Prêmio de Melhor Ator no
Festival de Gramado em 1986.
Sua paixão pela arte
de representar ia muito além, ele ainda escreveu textos para revistas e jornais
e comentou a cerimônia do Oscar por vários anos, para a TV Globo e para a
GloboNews.
Amor ao Pai!
No Facebook, a filha
de Wilker, Isabel escreveu uma declaração para o pai e agradeceu as mensagens
de apoio: "Só tenho amor, muito amor, e agora saudades, sempre. Obrigada a
todos pelo carinho", postou, junto com uma foto.
A despedida!
No Rio de
Janeiro, o espetáculo "Vida, o
musical" foi cancelado para a realização do velório, segundo a Secretaria
Municipal de Cultura, que será neste
domingo, e logo após o corpo de do
ator será levado para o Memorial do
Carmo, no Caju, Zona Portuária, onde será cremado a partir das 18h. A cerimônia
de cremação será aberta somente para familiares e amigos de Wilker.
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